tudo
que eu queria lhe dizer
não
cabia em si, em mim ou em você
sequer
servia em palavras conhecidas,
inventadas,
perdidas ou encostadas por desprezo
menos
ainda naquelas esfarrapadas, entregues aos dejetos,
que
crescem sordidamente nas quinas que cheiram a urina e que são as mais honestas de
um vernáculo qualquer
quase
nada agora carrega o sentido que se sente
sinto
aquelas pernas, aquela boca, aquele jeito pela metade
palavras
que cheiram álcool, vícios, suor
o teu e o meu espaço, a tua e a minha vida,
agora
são contados em letras
comprimidos
pelo tempo, pela memória
sua
história e a minha ... um resumo
enquanto
isso, o que nos cerca
tinge
e usa cores poucas da paleta
disserta
em haikai, pixa sem ter muro, cospe no oceano
muito
pouco para tempos que transbordam
tudo
que eu queria lhe dizer está aí, aqui
tudo
dito, tudo dado
tudo
é grito, antes de ser falado
todo
o recado no mesmo tamanho
uma
poesia feita em guardanapo
o amor que não existe, a paixão que não acontece,
o morte-amor amortecido
Tudo
que eu queria lhe dizer
Quase não queria lhe ser dito!
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