Escribundo

Escritos e poesias vagabundas

manoelismos antunianos rosáceos leminskoidais

quarta-feira, 24 de junho de 2015




tudo que eu queria lhe dizer
não cabia em si, em mim ou em você

sequer servia em palavras conhecidas,
inventadas, perdidas ou encostadas por desprezo

menos ainda naquelas esfarrapadas, entregues aos dejetos,
que crescem sordidamente nas quinas que cheiram a urina e que são as mais honestas de um vernáculo qualquer

quase nada agora carrega o sentido que se sente


sinto aquelas pernas, aquela boca, aquele jeito pela metade
palavras que cheiram álcool, vícios, suor

o teu e o meu espaço, a tua e a minha vida,
agora são contados em letras
comprimidos pelo tempo, pela memória
sua história e a minha ... um resumo
enquanto isso, o que nos cerca
tinge e usa cores poucas da paleta
disserta em haikai, pixa sem ter muro, cospe no oceano

muito pouco para tempos que transbordam

tudo que eu queria lhe dizer está aí, aqui
tudo dito, tudo dado
tudo é grito, antes de ser falado
todo o recado no mesmo tamanho
uma poesia feita em guardanapo
o amor que não existe, a paixão que não acontece, 
o morte-amor amortecido

Tudo que eu queria lhe dizer

Quase não queria lhe ser dito!



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